tag:blogger.com,1999:blog-149173802024-03-07T17:14:11.367-03:00com que roupaPor um mundo mais bonito!Unknownnoreply@blogger.comBlogger506125tag:blogger.com,1999:blog-14917380.post-4912481636991370282016-11-26T10:31:00.001-02:002016-11-26T10:31:14.371-02:00<br />
<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Não se
trata de quando. O meu quando é cada vez mais o agora. Não mais o já, o
urgente. O agora, mas o agora com calma.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Tão
pouco se trata de por que. O porquê já mudou tanto que nem mais importa. É
porque sim e pronto. É porque ainda dá vontade.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E a
questão não é nem mesmo o onde. O onde é lá mesmo. Lá não é mais o oposto
absoluto do aqui. O aqui e o lá existem um pelo outro. O lá justifica o aqui. E
vice-versa.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O aqui
é um casaco pesado, cheio de bolsos e moedas. O aqui me protege, mas no fim do
dia me pesa nos ombros. O aqui às vezes me sufoca, às vezes me derrete, às
vezes me faz sentir inadequado.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Lá é
como se eu dançasse pelado, chacoalhando as vergonhas que não tenho como se
ninguém estivesse olhando. Ou como se todos olhassem e apenas sorrissem e
pensassem: olha que homem feliz!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Lá não
é perfeito, lá não é mágico. Sou eu que não vejo os defeitos. Ou vejo e não
convivo o suficiente com eles.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Aqui
também é bonito. Aqui tem muita coisa que amo. Mas é que aqui eu convivo
tanto...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Aqui,
eu entendo, todos têm seus trabalhos, seus projetos, seus sonhos. Todos andam
cansados. Eu fico meio na borda, vivendo de sobras de atenção e de tempo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Aqui
tudo fica girando, não que as coisas melhorem ou piorem, elas só não param nos
lugares. Eu tento por as minhas em ordem, mas é tudo tão inútil (ou fútil).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Aqui eu
vivo preso entre o culpado e o grato. E profundamente entediado.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Lá,
mesmo sem querer, eu encontro as repostas para as perguntas que aqui eu em
tento mais fazer.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E no
fundo eu sei que é tudo a mesma coisa e que tudo isso só tem a ver comigo. Eu ainda
tenho as minhas circunstâncias e, sim, minhas insistências. Mas eu sigo
trabalhando nisso.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Eu sou
o aqui e o lá. Eu mereço ambos e a nenhum me nego.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14917380.post-43596763290380495452016-09-10T15:36:00.001-03:002016-09-10T15:38:38.698-03:00A palavra que não me falta<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwkg6SfWX7e2THsc_0F4wDTQrC7_skTgegM6WwuNoaW1fkNhZie5JAMEdBJRURNqe773TB4POxXMFJD4XoSMG3iL7Hcvff2QRulpv4-1EM1CbYPrEyDm_FLczT5CJ8xeVFE012/s1600/IMG_20160708_163125.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwkg6SfWX7e2THsc_0F4wDTQrC7_skTgegM6WwuNoaW1fkNhZie5JAMEdBJRURNqe773TB4POxXMFJD4XoSMG3iL7Hcvff2QRulpv4-1EM1CbYPrEyDm_FLczT5CJ8xeVFE012/s320/IMG_20160708_163125.jpg" width="240" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Das coisas
que às vezes a gente pensa.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Eu ainda
penso. Cada vez menos. Mas ainda.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Hoje me
peguei pensando na palavra. Na palavra que nem está faltando. Acho que pensei
na palavra porque me deu um pouco de medo do silêncio. Ando gostando tanto do silêncio
que fico com medo de não precisar mais da palavra. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Hoje entendo
como o medo usa o pensamento. Mas mesmo assim, às vezes, eu penso.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Não preciso
da palavra. A palavra agora não me importa. A palavra que falta é uma reposta. Resposta
de uma pergunta que não é minha.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Afinal,
caso me perguntem, e se eu concordar em responder, qual é a palavra que me
define?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O que
me define é a pergunta difícil, a palavra só falta depois.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A resposta
sincera, hoje, é que o que me define é irrelevante. Nada me define, porque me
definir pode ser me limitar. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Mas definir
pode ser dar significação. Ainda assim, não sei o que me define. O que me dá significado?
O que me dá sentido? O que melhor representa o signo do que eu verdadeiramente sou?
Qual o significante melhor me resume? Qual palavra me contém? Qual palavra é o
melhor formato para o meu conteúdo?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A primeira
palavra que me ocorre é marido. Ser marido é minha zona de conforto, é como me
sinto mais a vontade. Quando a vida fica complicada ou chata ou desafiante, é
em ser marido que me realinho, que me reencontro. Talvez, porque ser marido
nessas horas signifique colocar meus “problemas” em segundo plano e celebrar a
vida em comum. Signifique que prefiro me ocupar da janta a me ocupar dos meus
dilemas. Signifique que quando chegar em casa eu tenho que estar feliz, tenho
que chegar com sorriso, tenho que chegar com os problemas resolvidos. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Mas,
não é só isso que me define, ainda falta a palavra.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Então
percebo que a palavra não falta na resposta, falta é na pergunta.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Porque a
pergunta que nos é sempre feita é: o que lhe define como indivíduo?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Porque somos
criados nesse culto ao indivíduo, numa busca frenética a algo que nos faça
únicos e, portanto, especiais. Ainda que não haja nada de individual nisso, porque
nossa especialidade só existe se reconhecida pelo olhar dos outros, nossa
exclusividade só faz sentido com plateia. Não queremos nem ser diferentes dos
outros, queremos mesmo é ser melhor que os outros. E nisso não percebemos que
há sempre a presença do outro como elemento indispensável a nossa própria percepção
de existência. Não queremos ser uma gota d’água num oceano, queremos ser um
cubo de gelo boiando num copo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Trabalhos
com o conceito de individual como oposição ao coletivo. Preferimos esquecer que
um não existe sem o outro. Ou pior, acabamos nos convencendo de que o coletivo
é uma soma de individuais. Não queremos ser o oceano, queremos ser cada um uma gota
d’água.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A
palavra que não me falta é indivíduo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Não me
defino mais como um individuo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Eu sou
um pouco do todo. Eu sou do todo um pouco. Eu não sou apenas uma parte do todo,
eu sou o todo inteiro.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Logo, o
que eu sinto, o que eu faço, o que eu levo e o que eu deixo, tudo reflete no
todo. E, sim, há nisso algumas responsabilidades. E nem essas são só minhas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Não
mais me defino como um indivíduo. Nem como um simples coletivo. Eu sou minúsculo
e eu sou imenso. Eu não tenho tamanho. Eu não sirvo, eu não caibo. E não sou
contido, eu contenho.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14917380.post-58087510128363381162016-09-07T16:37:00.000-03:002016-09-07T16:37:05.345-03:00Cara no sol<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqhI_ZkpyP_zJN1iGlxLyx8AtkjEA2Z4IENqqVLZBXcqVkCEyk7OS06OFS3PeOfHxBs7MNDruB3xENtnScCoMtswItiYY207ZffDz_7wALSC30O_a-uFThVtwFTjYBo0MUw9lT/s1600/Imagem+153+%25282%2529.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqhI_ZkpyP_zJN1iGlxLyx8AtkjEA2Z4IENqqVLZBXcqVkCEyk7OS06OFS3PeOfHxBs7MNDruB3xENtnScCoMtswItiYY207ZffDz_7wALSC30O_a-uFThVtwFTjYBo0MUw9lT/s320/Imagem+153+%25282%2529.jpg" width="224" /></a></div>
<br />
Pendurei meu ego num prego. Amarrado num fio de passado. Deixei-o secando ao sol do presente. Pingando vaidades de um mundo que eu devorei.<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Este ano botei a cara no sol. Não no sol da travesti da internet, no holofote. Botei minha cara no sol de verdade. No sol da verdade. No sol do presente.<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Não falo apenas das férias na praia, em Barcelona. Das tardes espichado na areia, tonto de vinho branco e polvo frito. Se bem que falo disso também. Passei anos me escondendo do sol, coberto de camadas grossas de protetor solar e de medo do tempo. Meu tempo. Tempo que é meu e do meu passado. Tempo que eu quis controlar, mais do que gastar.<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Tomei sol ainda protegido, mas desinibido, desarmado, despreocupado.<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Abandonei os ácidos do rejuvenescimento e do ressentimento. Troquei as rugas de preocupação pelas marcas sorridentes de expressão.<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Porque me dei conta, ou me deixei lembrar, que eu estou onde sempre quis estar. Ou aonde cheguei, ou onde me deixei levar. E eu não queria estar em nenhum outro lugar.<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Sou um homem que dizem da meia-idade. Que eu acho que significa que estou cercado de velhos que às vezes morrem e de crianças que às vezes nascem. Lamento por ambos. Por ambos choro ou deveria chorar. Ambos me tocam, me emocionam. E a ambos eu sinceramente amo.<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>De tudo que já passei e de tudo que passou por mim o que sei ao certo é que eu sou uma pessoa que ama. Amo, às vezes sem paciência, outras sem frequência. Amo com veemência, mas já sem tanta urgência.<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Amo os filhos que não tive e os velhos que não terei. Amo, sobretudo, as pessoas que não serei. Amo essas pessoas que eu tenho, enquanto tenho e depois. Amo as pessoas que são as pessoas que são e não aquelas que eu criei.<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Sinto poucas saudades, passo poucas vontades. Digo mais sim do que não. Tenho poucos desejos, quase nenhum cansaço. Continuo com fome e tesão. E muitas opiniões. Ainda sinto medo, ainda sinto raiva, mas logo passa. Choro quase nunca, dou muita risada. Sorrisos mais que gargalhadas.<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Não me ocupo com sonhos. Nem frustrações. Acho quase tudo interessante e quase nada importante. Passo muito tempo comigo, mas não me dou muita atenção. Entendi meu lugar no mundo e o lugar do mundo em mim.<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Fico aqui no meio da vida, vivendo cada dia, cada segundo. Nasço cada manhã e morro ao longo do dia. E nunca estive tão vivo.<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span><br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span><br />
<div>
<br /></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14917380.post-71045459311408968432016-02-02T16:51:00.003-02:002016-02-02T16:51:42.959-02:00Tempestades<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMLvCF4DVykKoV32sWzu7hRnHKblNEKnR1uxLqWfeh-6BqyML6iptyEH2oun035SY01PCkAdqunqmlsu3KAiuvbXuHJCCBCkMLEdF8NLo658klXybGOr0Cgntk2JO4QgqHX405/s1600/P1010788.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMLvCF4DVykKoV32sWzu7hRnHKblNEKnR1uxLqWfeh-6BqyML6iptyEH2oun035SY01PCkAdqunqmlsu3KAiuvbXuHJCCBCkMLEdF8NLo658klXybGOr0Cgntk2JO4QgqHX405/s320/P1010788.JPG" width="213" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Quando
criança eu adorava dias nublados. Lembro de ter dito isso a minha avó olhando
pela janela de um ônibus. Eu tinha 4 anos. Minha avó tentava me mimar com lanches e doces
que eu não aceitava fora das horas estipuladas para a merenda. Mas ela
conseguiu me dar uma boneca com a qual eu podia brincar escondido na cada dela.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Acho que eu
não devia ter mais do que uns 12 anos. Nas férias de verão uma das grandes
expectativas era alugar charretes e passear pelas ruas do balneário. Era proibido
andar pela areia na beira-mar, mas era lá que a diversão estava. Cinco crianças,
e eu tinha as rédeas, embora naquela época eu ainda fosse incapaz de usar o
chicote. Na minha ideia de velocidade, fazia
as rodas riscarem a água, não imagina que poderíamos atolar na areia molhada. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Não
me lembro de muito mais. Começou a chover, e em poucos instantes não se via
mais nada. Deveria haver gritos das outras crianças, raios e areia arranhando a
pele. Eu só sentia o silêncio, o gosto salgado e as rédeas. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Dizem
que ficamos vinte minutos desaparecidos em meio a uma tempestade. Meu pai nos
encontrou a alguns quilômetros de casa. E eu lhe entreguei as rédeas, porque me
pareceu que era o certo a se fazer. Na verdade me achava ainda mais digno
delas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Eu
devia ter 16 ou 17 anos. Não sou muito matemático com o passado. Comecei a ler
Kant e a questão do sublime ser maior que o belo. A tempestade. Kant foi meu
Dostoiévski, o sublime foi meu Crime e Castigo. Minha transcendência era um
conceito hedonista que teria suas consequências pelos próximos 10 anos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p><br /></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Aos
20 tive a tempestade da primeira paixão que foi agravada pelo primeiro amor. E eu
nunca me senti mais no controle da minha própria vida.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Uma
colega de faculdade dizia que sempre se lembrava do meu aniversário, porque no
dia sempre ventava muito.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Aos
25 eu conheci o sucesso profissional. Eu trabalhava em outra cidade e dirigia
100 quilômetros todos os dias. Na estrada as tempestades eram muito excitantes.
Eu lembro de acelerar vendo a nuvem me seguir pelo retrovisor.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p><br /></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Aos
30 fui varrido pela tempestade da morte.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Aos
31 o raio caiu no mesmo lugar e eu me apaixonei de novo. Dois dias depois
precisei viajar e no dia seguinte voltei em meio a uma tempestade. Estamos juntos
desde então. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Casamos
num dia de tempestade. Só não choveu no tempo exato para entrarmos no cartório.
Eu tinha 39 anos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Hoje
em dia não gosto mais dos dias nublados. Atrapalha a rotina da casa. A roupa
não seca, os vidros ficam sujos, aparece mofo nos armários. As semanas de
inverno sem sol me deixam depressivo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p><br /></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Sexta-feira
passada, Porto Alegre foi atingida por uma violenta tempestade. Estávamos em
casa, tínhamos jantado um cordeiro delicioso e tomado uma garrafa de vinho. Eu
não me lembro do momento exato da tempestade. Para mim foi tudo silêncio. Estava
ocupado fechando janelas, desligando tomadas. Só tive noção do ocorrido quando
a chuva parou e vi a quantidade de árvores caídas na frente de casa.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Juntamo-nos
ao um vizinho e limpamos a rua para evitar acidentes e que os bueiros se
entupissem. Voltamos suados e sujos e
tomamos banho frio no escuro. Ficamos nus
conversando com as janelas abertas e fizemos amor.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ficamos
dois dias sem luz. Assamos pães e torta de frutas e moemos café num pilão. Dei-me
conta que na geladeira nem havia muita coisa. E ainda que houvesse, lá só ficam
excessos e sobras. Varremos as calçadas, arrumamos as floreiras. Tomamos vinho
meio morno à luz de velas e eu me senti completamente apaixonado.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Queria
ter feito mais, queria ter varrido toda a cidade, queria ter ajudado. Mas não
soube o que fazer, ou por onde começar. Queria não ter julgado tanto as pessoas
que elegeram como prioridade recarregar os próprios celulares. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Quando
a luz voltou a primeira coisa que fizemos foi ligar alguma música. E convidar
os amigos para tomar banho e jantar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14917380.post-47413690259161353822016-01-06T17:46:00.003-02:002016-01-06T17:46:31.220-02:002015<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4r4frzPgmH1-gppbDOOBuo2dLc0m-LzPogAdZXWyDp5WisuzVr0JDhFfa-NX6oYzSw0jy-Vpx3dYflPuzOtTbvI8knXqWJku4GzzILX81-Udqi2MDxTKuYEz_tCi2gUqIcQan/s1600/DSC_0215.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="179" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4r4frzPgmH1-gppbDOOBuo2dLc0m-LzPogAdZXWyDp5WisuzVr0JDhFfa-NX6oYzSw0jy-Vpx3dYflPuzOtTbvI8knXqWJku4GzzILX81-Udqi2MDxTKuYEz_tCi2gUqIcQan/s320/DSC_0215.JPG" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Observo
pessoas. Sempre aprendo algo com elas. Acredito em estereótipos e respeito os clichês
(e isso não tem absolutamente nada a ver com preconceitos). Eu sempre procuro
sinais e significados. Eu exagero no drama e na trama. Eu penso demais, falo
demais, bebo demais. Às vezes eu vivo de menos. Eu gosto de rotina. Não gosto
de surpresas. Mas eu amo sutilezas. Anoto
coisas em agendas, em versos de folhas, em blocos espalhados. Frases,
observações, citações. Às vezes sublinho livros, às vezes só dobro o canto das
páginas. Poderiam ser ideias para textos, mas os textos não são mais escritos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Ainda
que finalmente, uma década depois, o bloguinho parece cumprir sua vocação natural
de querido diário. Especialmente nesse exercício anual de escrever sobre o ano
que passou, é aqui que venho ver o que andei escrevendo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O blog
começou para me ajudar. Precisava organizar meus sentimentos, e a maneira de
fazer isso foi expô-los. Ainda faço isso, mas agora mudei a plateia. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E
também havia minha tentativa de engrenar como personal stylist. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Eu
queria ajudar pessoas. Eu realmente gosto de ajudar pessoas. Eu queria
transformar as pessoas, mudar suas vidas, fazer uma grande diferença. E então
percebo que o que eu queria mesmo era me sentir útil e especial.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Hoje eu
entendo que todo aquele processo foi sobre me sentir importante. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
2015
foi um ano em que eu não fui nada importante. Não daquele jeito.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
2015
foi um ano bom. Bem melhor que 2014, com certeza.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Mas
2015 foi um ano que me disse o tempo todo que minha opinião não era importante.
Principalmente, que meu querer não era importante. 2015 não levou em
consideração minha vontade!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E esse
foi um grande aprendizado. Ser útil sem ser importante. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Não ser sempre o protagonista de
qualquer situação. E entender que o papel de antagonista é igualmente egocêntrico.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Estou
falando de fazer sua parte, o seu melhor mesmo, e deixar que os outros façam –
ou não – a sua parte ou deem sequência a minha energia. Ainda é falar o que acho
que precisa ser dito, mas de não argumentar ao ponto da agressividade. É
aceitar que minha sugestão não foi aproveitada. É entender que nem sempre se
tem razão. E que na maioria das vezes ninguém tem razão e que, aliás, quase nunca se trata de ter razão.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Também não se trata de esperar agradecimento
ou reconhecimento. A questão é não abusar da empatia e roubar o lugar dos outros. Estou falando de
não se usar sempre como exemplo, de não ser passivo-agressivo e de não se fazer
elogios indiretos. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Mais do que não julgar os outros
é não ignorá-los num momento que deve ser mais deles do que seu. Porque muita gente
– e por que não eu? - não quer conselho,
só quer ouvido. E quando a paciência vira indiferença?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
2015
foi um ano de bate-boca, de discussões intermináveis e infrutíferas e no qual
colocar lenha na fogueira foi tão inútil
quanto tentar apagá-la. E talvez igualmente perigoso. 2015 foi um ano de discutir
sexo de anjos quando a assunto em questão eram – como sempre – os próprios
demônios.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Em 2015
eu não comprei briga e nem apartei. Mas acho que ainda vendi algumas...E não
fugi de nenhuma. Mas aprendi que minha participação pode não ser relevante. E, se
por um lado meu ego pode ter ficado insultado, por outro descobri um grande
alívio.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Então em
2016 eu não quero bater boca, eu não quero ser a voz de verdade ou da sensatez.
Em 2016 eu quero só trovar ideias, jogar conversa fora, filosofar. Em 2016 eu não
estou afim de mimimi, de discutir relação, de ser penico.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Em 2016
eu quero gente feliz, quero gente em paz. Tudo indica que não vai ser um ano
globalmente fácil, mas não quer dizer que não possa ser um ano tranquilo. Vamos
evitar o pânico. Vamos de esperança, vamos de fé. Mas vamos principalmente de
atitudes positivas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Em 2016
eu vou celebrar a vida, porque eu ainda estou disposto e não me nego.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14917380.post-50454171101184153432015-12-15T16:54:00.000-02:002015-12-15T16:54:04.347-02:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRxRCpVCwKwIOMa7wjpcIrslHkE-sGAIbCmFYCa4xu3F59GnkDbIVZ2D7imgZKl4JtShNrTdOAFQjvibfM7YG3zoCCPHCIg5c_gtp4P01let3UCSnVsASbjIHIvMUs_D7Nz_zB/s1600/DSC_0036.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRxRCpVCwKwIOMa7wjpcIrslHkE-sGAIbCmFYCa4xu3F59GnkDbIVZ2D7imgZKl4JtShNrTdOAFQjvibfM7YG3zoCCPHCIg5c_gtp4P01let3UCSnVsASbjIHIvMUs_D7Nz_zB/s320/DSC_0036.JPG" width="179" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Sempre gostei dessa época do ano.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Essa farfalhar
de festas domésticas. Sequências de casas cheias, de copos vazios, de cozinhas
barulhentas, de manhã de silêncio.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Faço festas
de natal e de réveillon para famílias e amigos. E agora temos os aniversários
dos dois afilhados no mesmo final de semana. Fazemos bolos, enfeites,
surpresas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E tem
nós dois. É nessa época que acabamos de voltar de férias que sempre viram lua
de mel. Duas semanas em que passamos o tempo inteiro juntos. É sempre difícil
voltar. O dia fica longo, a casa fica grande, o trabalho fica mais maçante.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Nós e
Londres. Na verdade, é como se meu ano acabasse em Londres. É lá que faço minha
avaliação do ano que passou e que me dou conta sobre o que quero para o
próximo. Esse ano estivemos em Londres também em julho. Mas, há algo mais forte nessa Londres de
final de ano. Talvez seja o frio, o pouco sol, o clima de natal. Lá não tem
como me esconder de mim mesmo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Não seria justo dizer que lá eu
seja mais feliz, porque feliz eu sou aqui também. É que lá eu consigo ser mais
honesto.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Em Londres educação não é
arrogância e gentileza não é segunda intensão. As coisas que aqui me irritam,
lá irritam todo mundo, Em Londres eu não estou sozinho, lá a gente fica sozinho
juntos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Já faz tempo que eu me encontro
lá. Quase sempre eu estou num dia de sol na Trafalgar Square. Ou numa manha
gelada no Hyde Park. E nunca vou deixar de me encontrar num teatro lotado. Não estou
mais me encontrando nas lojas, mas ainda me acho na maioria dos restaurantes. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Londres, embora pareça, nunca é a
mesma. Tão pouco o sou eu. Londres me encontrou mais calmo do que cansado, mais
sereno do que conformado. <o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Eu e Londres estivemos juntos na
última década. A cidade testemunhou minha descoberta da vida adulta e agora assiste
o começo do meu envelhecimento. Torço para que ela veja meu fim.<o:p></o:p></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14917380.post-13499071962236058172015-08-05T19:41:00.001-03:002015-08-05T19:52:10.068-03:00O nunca e o Namastê<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFXFqzmbfFpTLwLYu8jZTpH-M893Sk_9Rp-HWtrt7zPHfpxssHsqWDtmsV04ZHkQbt3hfm1p48sq5MZD0Ofts-hAAN9pmqd9kaNnaC3E3FMnCroZMsGLpwZNnB4i0oNzWHwlDf/s1600/DSC_0191.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFXFqzmbfFpTLwLYu8jZTpH-M893Sk_9Rp-HWtrt7zPHfpxssHsqWDtmsV04ZHkQbt3hfm1p48sq5MZD0Ofts-hAAN9pmqd9kaNnaC3E3FMnCroZMsGLpwZNnB4i0oNzWHwlDf/s320/DSC_0191.JPG" width="179" /></a></div>
<br />
<blockquote class="tr_bq">
<i>Antes de julgar a
minha vida ou o meu caráter... calce os meus sapatos e percorra o caminho que
eu percorri, viva as minhas tristezas, as minhas dúvidas e as minhas alegrias.
Percorra os anos que eu percorri, tropece onde eu tropecei e levante-se assim
como eu fiz. E então, só aí poderás julgar. Cada um tem a sua própria história.
Não compare a sua vida com a dos outros. Você não sabe como foi o caminho que
eles tiveram que trilhar na vida.</i><i>Clarice Lispector</i><o:p> </o:p></blockquote>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Já
falei sobre minha relação com <a href="http://comqueroupa.blogspot.com/2011/10/clarice.html" target="_blank">Clarice Lispector</a>. Não é esse nosso ponto
hoje. Mas essa citação – presente de uma amiga querida - tem andado comigo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Tenho
pensado mais precisamente sobre o caminho que estou percorrendo. Sobre isso
quero compartilhar alguns registros.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Tenho
40 anos. O que para mim é só um número, mas que nos serve como localizador.
Pois, há 5 anos comecei um caminho, que ainda não sei aonde vai.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Aos
35 anos passei a ter efetiva percepção de que estava envelhecendo. Surgiram os
primeiros sinais físicos, na pele, no corpo. Esse foi o ponto de partida para
algumas decisões. Mudei a rotina de cuidados com a pele, por exemplo. Mas as
mudanças mais drásticas foram na minha alimentação.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Sempre
tive uma alimentação variada, mas na vida adulta tinha reduzido
consideravelmente o consumo de frutas e verduras e comia carne todos os dias. Também,
mesmo cozinhando muito em casa, comia fora com bastante frequência. Além disso, minhas compras de supermercado incluíam
congelados, pães, e toda a sorte de atalhos culinários.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Primeiro,
elegi um peso ideal compatível com minha idade, histórico e estilo de vida. Um referencial
do qual tento não me afastar nem para mais nem para menos. Depois passei a
observar o real tamanho das porções do que comia e adequá-lo apenas ao necessário.
É assustador como a gente come bem mais do que precisa por não saber o tamanho
certo de uma porção. Ainda hoje peso os ingredientes.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Com porções menores, automaticamente passei a
valorizar mais cada garfada e assim me alertei para as calorias vazias. Daí que
comida pronta ficou inviável, são muitas calorias e pouco nutrientes, viveria
cansado e com fome! Gradativamente comecei a fazer coisas em casa. Comecei fazendo
meu próprio pão, hoje faço em casa cerca 90% do que consumo. Faço meu pão, minha
pizza, meu iogurte, meu queijo fresco, meu sorvete, meu ketchup, meu caldo de
frango... comemos tudo o que queremos, apenas sabendo o que estamos comendo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Como disse Michael
Pollan, voltar a cozinhar em caso é um ato político. É também um ato de amor. Mas,
acima de tudo, é um desafio. Para variar
o cardápio precisei descobrir novas receitas. Como existem mais vegetais do que
carnes, a gente acabou adotando muitos pratos vegetarianos. O consumo de
vegetais levou para os produtos orgânicos e junto vieram os integrais.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Conhecer o
mudo orgânico me abriu os olhos para as questões ecológicas, para pensar nas
pegadas de carbono, no desperdício de água, na redução de embalagens, para as
sacolas reutilizáveis.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Dos sintéticos eu já não gostava.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A nova
alimentação melhorou minha pele, meus cabelos, meu metabolismo. Fiquei mais
magro e perdi alguma massa muscular. Então comecei a fazer exercícios calistênicos,
porque não me entediam, não dependem de academia, equipamentos e não tomam
muito tempo. Os exercícios parecem ter uma sequência que funciona melhor, onde
cada movimento parece pedir um movimento seguinte para que o corpo fique
confortável.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Exercícios calistênicos
ficam mais fáceis quando se controla a respiração e, não sei por que, quando não se come carne. O corpo
fica mais leve, mais flexível. Ou eu fico mais disposto... <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Percebi que a respiração
controlada me acalmava e comecei a respirar para dormir. E pela primeira vez na
minha vida, me vi livre da insônia.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Às vezes alguns
sons são produzidos com a respiração, e eles também me acalmam.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
E foi assim
que num processo natural e não planejado, depois de cinco anos descubro que
estou fazendo ioga, que como cada vez menos carne, que a ayuvértica faz
sentido.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Desde o começo
desse ano, resolvi tentar também a meditação. Uau! Simplesmente sinto falta no
dia em que não faço.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Alguns
pensamentos surgem. Outros se diluem. Vejo as coisas de maneira diferente. Estou
incrivelmente menos raivoso, e assustadoramente mais tolerante com os outros. Não
olho mais para minhas coisas do mesmo jeito, a maioria dos excessos me parecer
desnecessário. Acho que estou entendendo o budismo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
O que mais me
fascina – e legitima – nesse processo é que não estudo nada a respeito. Não leio
nada sobre ioga ou budismo, não há nenhuma doutrina ou religiosidade. Não sei o
nome das posições, não sei onde estão meus chacras ou qual é meu dosha.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Só sei do meu caminho
e como ele tem me feito bem. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Não doutrino
ninguém, não me imponho nenhuma regra. Eu apenas faço o que me dá vontade. Estou
vivendo uma experiência inédita de ter consciência sem controle. Me sinto
consciente de cada movimento, de cada mordida, mas sem a tensão da pulsão de
controle.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Gosto de onde
estou agora e estou aberto para onde possa ir. Não vou virar monge, não vou ser
vegetariano, não vou atingir o nirvana, e ainda odeio incenso. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
E nunca vou me
tornar a pessoa que cumprimenta os outros com Namastê. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Se bem que
também achei que nunca usaria uma citação da Clarice Lispector...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14917380.post-35055156566967708162015-07-29T17:52:00.000-03:002015-07-29T18:19:25.386-03:00Minhas cinzas<div class="MsoNormal">
Semanas
atrás tive um problema com meu computador. O técnico, que me avisou que poderia
ter perdido o HD, ficou muito surpreso quando eu disse que tinha back-up de
tudo.<br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Tenho vários
na verdade, HD externo, pen-drives potentes, nuvens, esse blog.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br />
Tenho
analisado a quantidade de coisas que já acumulei ao longo da vida. Cada vez
mais percebo que coisas não são memórias. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
As coisas
só valem pela sua utilidade. Ainda que para mim a beleza seja uma utilidade em
si. E as coisas só valem enquanto tiverem utilidade. Do que já passou as coisas
são apenas restos, o que quero guardar são minhas lembranças.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Acho que
ao contrário de quase todas as pessoas da minha volta e da minha época, a idade
está me trazendo certo desapego. Estou deixando
para trás algum peso, alguma carne, muitos conceitos. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Trabalho
burocraticamente para que não me falte dinheiro e os clichês do conforto. Trabalho fisicamente para que não me falte
fôlego. Trabalho intelectualmente para que não me falte percepção.<br />
<span style="text-indent: 35.4pt;"><br /></span>
<span style="text-indent: 35.4pt;">Ainda tenho muito. Tenho até de
sobra. Sobram coisas, sobra orgulho. Algum excesso ainda me traz equilíbrio. Meu
maior luxo é o repertório.</span><br />
<span style="text-indent: 35.4pt;"><br /></span>
<span style="text-indent: 35.4pt;">Vivo num bastante de
contentamento. Cuido para que não me
falte amor, não me falte humor. </span><br />
<span style="text-indent: 35.4pt;">Medito, não medico. Eu tento. E sempre faço o
que posso. E o que posso faço com minhas próprias mãos.</span><br />
<span style="text-indent: 35.4pt;"><br /></span>
<span style="text-indent: 35.4pt;">Decoro a casa, enfeito a vida. Compro
ingredientes, elementos, presentes.</span><br />
<span style="text-indent: 35.4pt;"><br /></span>
Ainda gosto
de roupas, de sapatos, só não vejo mais sentido em comprar tantos. Hoje prefiro
boa mesa, bom copo, boa companhia.<br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Caminho
- mais leve - em direção à nudez.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ainda disposto,
às vezes exposto.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Onde
estiverem as minhas lembranças, joguem lá as minhas cinzas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<a href="https://instagram.com/minhascinzas/">https://instagram.com/minhascinzas/</a><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14917380.post-29705112367213884182015-07-18T16:51:00.001-03:002015-07-18T16:51:14.061-03:00<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<o:p></o:p></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbMZvMRaS6qdGqQyjZ71YtCJYsc6hIxGw39TSKEVjqg_dJsJml6GqwqGx_lt3e_SCdDSx8_3vXzXLt4PxauUTezFqDNQ3bjy7Wsbi0le0MWLExnBYVXtZ9BwLhLi4iQz42AGxr/s1600/DSC_0202.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbMZvMRaS6qdGqQyjZ71YtCJYsc6hIxGw39TSKEVjqg_dJsJml6GqwqGx_lt3e_SCdDSx8_3vXzXLt4PxauUTezFqDNQ3bjy7Wsbi0le0MWLExnBYVXtZ9BwLhLi4iQz42AGxr/s320/DSC_0202.JPG" width="179" /></a></div>
Eu não viajo
para fugir.<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Eu não viajo para buscar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Eu viajo ao encontro.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Do que eu já levo comigo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Do que sempre está lá.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Dessa vez estava no café do
Victoria&Albert Museum, depois da exposição do McQueen (Alexander McQueen:
Savage Beauty). Foi lá que dessa vez caí no choro. Chorei de feliz, chorei de
grato, chorei de vida, chorei de tanta coisa boa, de tanta coisa bonita.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Chorei de novo em Madri. No
escuro do Teatro de La Zarzuela, com o Balé Nacional da Espanha. Chorei de
pequeno, chorei de futuro, chorei de esperança, chorei de humano e de divino,
chorei de tanta coisa boa, de tanta coisa bonita.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Há muito desisti de tentar
explicar como e porque viajo. Há quase dez anos vamos para os mesmos lugares, ficamos
nos mesmos hotéis, vamos aos mesmos restaurantes, escolhemos a mesma mesa. O garçom
da confeitaria onde tomamos café da manhã em Madri não só lembra-se de nós,
como se lembra do nosso pedido. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-indent: 35.4pt;">
Se encontrarmos, ainda que por acaso, um lugar novo, imediatamente o
incorporamos a rotina diária. Podemos jantar várias vezes num mesmo
restaurante, pedindo um prato novo e repetindo o da noite anterior. Mas se a
experiência não for boa, saímos direto para um lugar conhecido, jantamos de
novo! Há de se acabar a noite sempre satisfeitos!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Temos pontos de reconhecimento. Temos
sabores de pertencimento. Vivemos um longo e fiel romance entre nós e nossos
lugares.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Brincamos que a gente pisca os
olhos e quando os abre estamos num metrô londrino. Quantas vezes nos
perguntamos: mas não foi ontem que a gente estava caminhando nessa rua? Às vezes
foi.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
É como se todas nossas idas
estivessem ligadas. Como se tivéssemos uma vida lá vivida, uma vida paralela
que nos parece mais real do que essa. É aqui que estamos de passagem, lá nós
estamos de volta.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
E mesmo assim, nunca fizemos a
mesma viagem. Sempre chegamos diferentes e todas as vezes saímos mudados. Paradoxalmente
envelhecemos enquanto a Europa se rejuvenesce. Vai ver é por isso que nos
entendamos, nos completemos.<o:p></o:p></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14917380.post-3058060988591792432015-04-27T14:57:00.002-03:002015-04-27T14:57:54.993-03:00<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A essa altura
não deve ter escapado ao leitor mais (in)sensível um certo desconforto com os
últimos textos desse nosso bloguinho.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Bom, vamos
convir, querido e persistente leitor, que se fossemos pensar na audiência, ainda
estaríamos falando sobre vestidos de formatura... Ou sobre cores de sapatos,
num dos posts mais comentados desse espaço.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Estou aqui na
intimidade virtual de meu soberano monólogo colocando alguns pingos em alguns
is. Resguardado na segurança – e também na indiferença – de quem lê o que
escrevo. Estou trabalhando nos meus pingos, ainda que acabe falando dos is
alheios.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Mas, não estou mandando recados. Esse não é
meu estilo. Ainda que esteticamente não goste de dedo na cara, meu dedo não
resiste a uma ferida.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A questão toda
é que mais uma vez precisei engolir alguns sapos. Nem tive chance de argumentar
com o sapo, foi preciso abocanhá-lo antes de ser abocanhado. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Mas eu sou
enfastiado de sapos, pesado de sapos. Eu tenho até medo de acabar virando um
sapo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Minha reação
passa sempre pelo estágio da raiva. Lidar com essa raiva, creio eu, é um dos
meus pontos para ser uma pessoa melhor. Ou para adiar um câncer. Mas como me
livrar da raiva sem ser raivoso?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Queria muito
não sentir raiva. Queria ter controle sobre isso (ainda que não ter controle seja outro ponto a
ser trabalhado). Queria não ser agressivo, ou pelo menos não ser violento. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Principalmente,
queria atalhar meu próprio ciclo. Raiva, tristeza, cansaço, e o esforço para não
me enraizar em algum desses estados, para então reencontrar a minha paz.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Como um livro
que li outro dia: O fio da vida, da Kate Atkinson (Globo livros, 2014), sobre
uma personagem que vive a própria vida repetidas vezes. No livro, a mudança de
alguns acontecimentos altera o curso da história e adia o final esperado. É um
livro muito bom. Não tem qualquer ranço de autoajuda ou mesmo de filosofia. Não
tem frases de efeito ou grandes reviravoltas. O livro simplesmente flui na sua linearidade
circular, como se sempre fosse preciso dar alguns passos para trás antes de se
dar um para frente.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Estou preso no
meu ciclo. Me achando muito velho para continuar dando passos para trás. Me achando
muito jovem para não ir em frente.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-14917380.post-20304837787113562872015-04-20T20:32:00.001-03:002015-04-20T20:32:19.037-03:00<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 70.9pt;">
Tento otimizar
as saídas de carro. Estudo caminhos e organizo destinos para fazer a melhor
trajetória. Acho que nem gosto mais de dirigir como gostava antes.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 70.9pt;">
Também não
gosto de carros grandes. Meu carro é “médio”. Quando era adolescente, homens
bem sucedidos tinham enormes sedans. Caminhonetes eram socialmente condenadas,
só o pessoal do interior do Estado tinha, e mais por razões utilitárias.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 70.9pt;">
As então
“peruas” eram carros de família grandes.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 70.9pt;">
Depois
surgiram os modelos hatch, como status de juventude.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 70.9pt;">
Agora todo
mundo quer monovolumes, SUVs, jipinhos. Quase ninguém entende a dimensão certa
de seu tamanho e, portanto, não sabem como dirigi-los – ou estacioná-los - sem
ocupar o lugar de um carro e meio. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 70.9pt;">
Alguns são
bonitos. Todos são exagerados.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 70.9pt;">
Por mais que
me agrida o que não me é ético e estético, posso me envolver num contexto. Eu
até entendo cafonice, acho graça, acho triste. Como um palhaço de circo mambembe,
poético na sua feiura, mas feliz. Ou como a mulher de mexas falsas em seu
vestido de sintético tigrado, patética na sua beleza.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 70.9pt;">
O que não suporto é afetação.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 70.9pt;">
Afetação pode
ser só fingimento, exagero, caricatura. A “bixinha afetada” dos anos 80, para
sintetizar todo o preconceito a um homem de gestos mais delicados e menos
contidos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 70.9pt;">
Mas afetação
pode ter o significado que o mundo jurídico lhe empresta. Afetar é atribuir uma
finalidade, uma destinação. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 70.9pt;">
Um carro
grande, caro e espalhafatoso dirigido por uma pessoa combinando, é cafona.
Ocupar duas vagas, duas faixas ou exigir passagem de carros menor e mais barato
é afetação. Acreditar que seu carro
cafona lhe coloca em posição diferente dos outros motoristas é afetação.
Acreditar que seu carrão lhe deixa mais magro, mais jovem, mais bonito, mais
interessante é afetação – e ilusão. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 70.9pt;">
Afetação é
esse esforço permanente em dar a si mesmo e a seus pertences a importância que não tem. É essa crença numa
verdade inventada de valores atribuídos
e que se crê superior. A afetação, nem se confunde com o exibicionismo carente
da aprovação dos outros. A afetação é um processo individual, é uma inflação do
ego. É aquilo que já chamei de posar para paparazzi imaginários.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 70.9pt;">
Poderia
enxergar alguma beleza na capacidade da pessoa de se auto-elogiar. Não fui indiferente ao orgulho que sentiu
quando comprei meu primeiro carro caro. Mas me senti melhor quando conclui que
não precisava dele para ser quem sou.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14917380.post-24919785809853349102015-04-04T15:40:00.004-03:002015-04-04T15:40:41.494-03:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjXcML4wXFxngNtFkgfEuf8yGId7iaSXD050-0RnMcsDHCoqELmTWirXvopMkMnZEm7v6GSIUumV7W8vZygw6xTQpdFp3lvETC9-sdfn1KehEscZlZjxGM69KMDxWVsLLayxgT/s1600/P1010456.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjXcML4wXFxngNtFkgfEuf8yGId7iaSXD050-0RnMcsDHCoqELmTWirXvopMkMnZEm7v6GSIUumV7W8vZygw6xTQpdFp3lvETC9-sdfn1KehEscZlZjxGM69KMDxWVsLLayxgT/s1600/P1010456.JPG" height="214" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Não vou te
pedir uma trégua – eu não seria tão ingênuo quanto a tua natureza -, muito
menos quanto a minha. É que eu nem estou exatamente em guerra contigo. Contigo
eu só convivo. A guerra é só tua, contigo mesma. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Mas, te
proponho apenas que a gente aproveite o feriado, que a gente finja por algumas
horas. Não é isso que os adultos fazem?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Eu
entendo que haja um desconforto. Minha presença é uma incômoda menção a algumas
verdades que deixaste escapar e que eu não tive a delicadeza de esquecer. Eu
entendo também o quanto é difícil para ti aceitar que eu mudei e que tu ainda tentas
ser a mesma. Mas entendas, a tua insistência em me tratar como antes é desrespeitosa.
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Não se trata
de arrependimento ou vergonha. Não exatamente. Acho a juventude vista de longe
sempre um pouco constrangedora. Tenho, sim, carinho pela intimidade que já
tivemos. Mas até onde podemos viver reinventando nessas lembranças? O que
podemos fazer hoje? <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
É verdade que,
antes de ti, eu cansei de tudo o que tu representas. Minha desilusão foi
primeiro com teu mundo - ou com o que ele era nos meus sonhos. Tentei ainda,
por algum tempo, encontrar em ti uma alma ou ao menos um corpo sem aquelas
roupas, mas tua nudez é ainda pior que tuas fantasias, e mesmo que as minhas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
E tu não te interessou por quem sou tanto quanto por
quem achas que fui.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Será que tu
consegues entender que eu nunca fui apaixonado por ti? Que eu só nutria uma
vaidade sado-masoquista por conseguir encobrir nossas diferenças? Nossa sedução
era fingirmos que enganávamos um ao outro.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Eu, francamente,
não consigo mais fazer isso comigo mesmo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Sigo meu rumo.
Cada um de nós segue seu caminho. Alguns cruzamentos ainda são inevitáveis. Assim
como algumas encruzilhadas. Desculpa, não sou um homem de desvios (e infelizmente,
ainda sou de poucos atalhos). <o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Apenas,
por favor, não confunda minha benevolência com paciência, ou tão pouco tome o
meu silencio por medo ou mágoa. Não veja nesse resto de carinho qualquer
saudade. E não espere que meu amor vire compaixão.</div>
<o:p></o:p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14917380.post-72882480738820730772015-03-28T17:06:00.002-03:002015-03-28T17:06:40.724-03:00o foco e o centro<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyb1CpZAdY4dfUYkEnrE3HwpLHrpCW6aYvtB7T9fUmQqEZ700w_Q4f36i81PfnCv3DTRDyLsUsEvojDoYuBP6FiExVgY-V1hGJq-xqMgvJi2JkUBYJ5PbREKO6MCm3B25Fsuif/s1600/P1020352.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyb1CpZAdY4dfUYkEnrE3HwpLHrpCW6aYvtB7T9fUmQqEZ700w_Q4f36i81PfnCv3DTRDyLsUsEvojDoYuBP6FiExVgY-V1hGJq-xqMgvJi2JkUBYJ5PbREKO6MCm3B25Fsuif/s1600/P1020352.JPG" height="214" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Voltei a escrever na mesma proporção em que voltei a pensar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>E voltara pensar é o primeiro passo para voltar a viver. É sobre o que há de instinto em mim que sempre me puxa de volta. É a vida que sempre se impõe. Sou eu que sobrevivo a mim mesmo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Os últimos meses foram de um ritmo que me automatizou ao nível moribundo. E de certa forma, eu deliberadamente deixei que isso acontecesse.</div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Eu não fujo da briga. Minha natureza mais crua inclusive corre atrás da briga, pega a briga pelo pescoço e pula com ela para dentro do poço.</div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Minha natureza não é mais tão crua. E nem eu sou tão jovem.</div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>O que fiz, como só fiz poucas vezes na vida, foi não pensar a respeito. Não pensar, não escrever, não viver. Deixei a vida viver por mim. Ser vivido será tão diferente de ser matado?</div>
<div style="text-align: justify;">
Não tive nenhum problema que fosse meu. Só não quis todos os problemas dos outros. Não tomar nenhuma atitude não me deixa menos cansado. Só me deixa menos vivo e menos morto. Neutro, vegetativo. Cada vez que brigo com quem não me importa eu perco um pedação de vida. Cada vez que eu deixo de brigar com quem me importa, eu morro um pouco.</div>
<div style="text-align: justify;">
Eu só quero ver todo mundo feliz. Eu só fico feliz no meio de gente feliz. Então, eu faço o que posso para fazer todo mundo feliz.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ultimamente não anda funcionando. Primeiro achei que eu não estava fazendo o suficiente. Depois me conformei com a ideia de que talvez não tivesse nada a ver comigo. Então saí do foco, resolvi deixar espaço para que as pessoas elaborassem seus momentos. Me perdi nesse espaço.</div>
<div style="text-align: justify;">
Moderno, me protegi nas circunstâncias da rotina. E me protegi nas desculpas do trabalho, do começo de ano. Estava cansado, estava sem tempo. E no fundo estava sem saco.</div>
<div style="text-align: justify;">
Frustrado. Difícil aceitar minha insignificância diante dos acontecimentos. Há um processo de aprendizado. Não sei lidar com a fronteira do que eu posso, do que eu devo e do que eu quero fazer. Sei menos ainda lidar com o fato de que por mais que eu faça, pode não fazer muita diferença. Meu ego não aceita bem a impotência. Super Lutti não sabe perder para o baixo astral. Super Lutti não sabe perder, e pronto. </div>
<div style="text-align: justify;">
Tento meus truques todos. Fico triste, fico bravo, faço piada, xingo e, se consigo, até choro. Mas tudo meio pela metade. Tudo meio sem muita convicção e sem nenhuma paciência. Um bom show não depende tanto do artista quanto da plateia?</div>
<div style="text-align: justify;">
Dai que eu ando saindo de cena. Não uma saída performática, que me soaria falsa. Só uma saída digna. Alguém tem que levantar e ir embora, alguém precisa por fim ao espetáculo triste. Quando ninguém da audiência toma a iniciativa, me vejo deixando o palco.</div>
<div style="text-align: justify;">
Mas não me reconheço nesse gesto. </div>
<div style="text-align: justify;">
E, por favor, entendamos que não são aplausos que eu estou querendo. Minha vaidade não é o reconhecimento, é a inspiração. Quero tocar no que está guardado, quero abrir o que está fechado. Não preciso ser visto, reconhecido ou creditado. Só quero, de verdade, estar envolvido onde houver felicidade. </div>
<div style="text-align: justify;">
O que só agora começo a entender é que há uma diferença entre estar no foco e estar no centro. E seu eu me parabenizo por ter saído do foco dos últimos acontecimentos, e finalmente não ter transformado tudo em mais um processo particular de culpa, isso não justifica minha apatia diante da vida como um todo. Que eu não possa – ou não queira – carregar uma cruz que não tomei como minha, não significa que eu simplesmente não possa seguir meu caminho, qualquer caminho.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ou eu não posso existir só pelo olhar dos outros. Se dessa vez não houve mais que eu pudesse fazer por quem eu amo, isso não significa que eu não os ame. Não resolver a vida dos outros não pode parar a minha vida. </div>
<div style="text-align: justify;">
Dessa vez, trata-se de olhar a situação não pelo que eu gostaria de estar sentindo, mas pelo que eu estou realmente sentindo. É traçar uma linha que me é desconhecida entre culpa e egoísmo. É sobre sair do foco sem perder o centro.</div>
<div style="text-align: justify;">
É sobre atenção, cuidado e análise.</div>
<div style="text-align: justify;">
Mas dessa vez, é sobre mim. </div>
<br />Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14917380.post-30604730403209528632015-03-23T12:56:00.002-03:002015-03-23T12:59:42.383-03:00Três mulheres<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;">
Eu sei para onde tudo isso está indo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;">
Acredite em mim, eu
já estive lá.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;">
Mesmo quando parece
ser o certo,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;">
Ainda assim, quase
nunca vale a pena.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;">
Eu também sei como
a gente se agarra nesse quase.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;">
Ainda assim, por
favor, apenas pare.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;">
Não por mim<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;">
Pare por você
mesma.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;">
Eu sei onde você
está indo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;">
E dessa vez, me
desculpe, você está indo sozinha.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Eu sei onde você está indo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Você bem sabe, eu já estive lá. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Mesmo quando não parece certo,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Ainda assim, vale a pena.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Eu sei que não tem volta.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Eu também sei como a gente se agarra no medo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Eu já calcei esses sapatos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Ainda assim, por amor, vá.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Para você mesma, por você mesma.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Dessa vez, mais uma vez, vá.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right; text-indent: 35.45pt;">
Eu queria não saber onde você está indo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right; text-indent: 35.45pt;">
Acredite em mim, eu queria estar aí.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right; text-indent: 35.45pt;">
Eu sei que isso seria o certo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right; text-indent: 35.45pt;">
Mas não posso estar aí por pena.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right; text-indent: 35.45pt;">
Eu ainda acho que você está se agarrando nisso.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right; text-indent: 35.45pt;">
E eu não consigo mais fazer que você pare.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right; text-indent: 35.45pt;">
Nem por mim, nem por você.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right; text-indent: 35.45pt;">
Você sabe que eu ainda te amo,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right; text-indent: 35.45pt;">
Mas você precisa se amar sozinha.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<o:p></o:p></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14917380.post-71365729918177280892015-03-11T17:10:00.002-03:002015-03-11T17:10:59.924-03:00Os fanáticos, a vaca e o glúten<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Não
gosto de conversar sobre política ou religião com gente burra. Não que eu goste
de falar sobre qualquer outro tópico com gente burra. Sim, ao fazer essa
afirmação pretensiosamente me coloco fora do grupo “gente burra”. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
É
que ás vezes a gente precisa recorrer aos clichês do preconceito para
sintetizar uma ideia rapidamente. Ainda que sempre me pareça mais inteligente desenvolver
um argumento. Então vamos relevar o “ gente burra” e usar eufemismos como o
moderno “radicais” ou, como se dizia antigamente, “fanáticos”. E só para esclarecer,
“vaca” não sintetiza nenhum argumento, só é misoginia. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Pois,
não gosto de conversar sobre política ou religião com radicais. Porque a conversa
sempre vira discussão e quando a conversa vira discussão o advogado do diabo
que existe em mim não cala a boca e eu me vejo invariavelmente tentando trazer
o radical de volta à razão.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Voltaire
diz no Dicionário Filosófico:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<i>O mais detestável exemplo de
fanatismo é aquele dos burgueses de Paris que correram a assassinar, degolar,
atirar pelas janelas, despedaçar, na noite de São Bartolomeu, seus concidadãos
que não iam à missa. <o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<i>Há também os fanáticos de sangue
frio: são os juízes que condenam à morte aqueles cujo único crime é não pensar
como eles. E esses juízes são tão mais culpados...tão mais merecedores da
execração do gênero humano, quanto, um homem tomado de um acesso de furor como
os assassinos que não podem ouvir a vós da razão.<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<i>Quando uma vez o fanatismo
gangrenou um cérebro a doença é quase incurável. Eu vi convulsionários que,
falando dos milagres de S. Páris, sem querer, se acaloravam cada vez mais, seus
olhos encarniçavam-se, seus membros tremiam, o furor desfigurava seus rostos e
teriam matado quem quer que os houvesse contrariado.<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<i> Não há outro remédio contra
essa doença epidêmica senão o espírito filosófico que, progressivamente
difundido, adoça enfim a índole dos homens, prevenindo os acessos do mal
porque, desde que o mal fez alguns progressos, é preciso fugir e esperar que o
ar seja purificado. As leis e a religião não bastam contra a peste das “almas”.
A religião, longe de ser para elas um alimento salutar, transforma-se em veneno
nos cérebros infeccionados. Esses miseráveis têm incessantemente presente no
“espírito” o exemplo de Aode, que assassina o rei Eglão...de Judite, que corta
a cabeça de Holoferne quando deitada com ele... de Samuel, que corta em pedaços
o rei Agague. Eles não veem que esses exemplos respeitáveis para a antiguidade
são abomináveis na época atual; eles haurem seus furores da mesma religião que
os condena.<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<i>As leis são ainda muito
impotentes contra tais acessos de raiva. Essa gente está persuadida de que o
“espírito santo” que os penetra está acima das leis e que o seu entusiasmo é a
única lei a que devem obedecer.<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<i>O que responder a um homem que
vos diz que prefere obedecer a Deus a obedecer aos homens e que, consequentemente,
está certo de merecer o céu se vos degolar?<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
E
pode haver algo mais moderno que filosofia?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Sabem
o que mais não dá para discutir com os radicais? Alimentação.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Cozinho
– e não frito - todo o santo dia. Passo a semana mais para Bela Gil e no sábado
viro Rita Lobo e às vezes até Nigel Slater. Quando tem festa, sou mais Nigella.
Se eu estiver muito cansado, a gente pede sushi. Mas no sábado sempre tem
vinho.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Na
verdade, a gente come de tudo, desde que feito na nossa própria cozinha e que
não se coma demais.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Nosso objetivo é que nossa comida saia da
casca e não da caixa.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Aqui em casa
queijo é feito de leite e hummus é feito de grão de bico. Se não são feitos do
que devem ser feitos, vão ser comidos, mas não vão ser chamados pelos nomes que
não merecem. Não preciso chamar abobrinha fatiada de fettuccine para
saboreá-las com azeite, limão e tomilho. Não é gostoso como massa, é gostoso
como abobrinha. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A gente evita
carne vermelha durante a semana, porque no domingo tem churrasco e acabamos
comendo várias porções. A gente toma café da manhã todos os dias, com pão
integral feito em casa, com café com
leite e queijo magro. Mas a gente não almoça ou janta sanduíche, a gente
conhece outros acompanhamentos que não sejam massa e batata e a gente não tem
essa mania de colocar queijo em absolutamente tudo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Mas nem por
isso discuto com vegetarianos ou veganos. Não condeno o glúten (salvo para os
celíacos!) muito menos a lactose. Acho que se as crianças – e quem sabe os
frangos - tomassem menos antibióticos
elas poderiam digerir o que os outros onívoros digerem.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Até entendo que a amiga que passou os últimos
dez anos com medo dos carboidratos e se entupindo de requeijão light (e,
portanto, de gordura trans e sódio) esteja achando que a ideia de comer uma tapioca com
doce de leite de soja (transgênica) seja uma redenção. Mas achar que o vilão no
McDonald´s é o pão...?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
O que eu não
entendo são algumas explicações. Ter pena dos animaizinhos, mas não da
empregada que tem lavar o liquidificador do suco verde todos os dias. Não tomar
leite, porque nenhum outro mamífero o faz depois de adulto, mas achar super
normal pedir dinheiro para os pais a qualquer tempo. Não comer pão porque fica
inchada, mas perguntar se a batata foi frita na gordura com amido de milho.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Bom, tem tanta
coisa que eu não entendo. E tantas mais com as quais eu só não me importo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Ou quem sabe é
só mais filosofia. Pascal. A infelicidade dos homens deriva de uma única coisa,
que é não conseguirem ficarem serenos em um quarto quieto. É o tédio
existencial que nos obriga a estarmos sempre buscando algo novo que nos ocupe e
preocupe. Divertissement. Uma permanente fuga de nossa própria e medíocre finitude.
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<o:p></o:p></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14917380.post-49033018501056918192015-01-03T01:33:00.002-02:002015-01-03T01:33:29.287-02:002014<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfueILf5L0BGgXrUSvTQIXu8oVap3X3_kH22jiHH6lo2ySUM4-jMzkEhxFkwanx8p9UFVR7Karvqbri5XGuyt3lzMYUqamsSkewGcy-wZLN3nbeGzSQ71guiVaUXN0i1KwRqdD/s1600/P1020346.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfueILf5L0BGgXrUSvTQIXu8oVap3X3_kH22jiHH6lo2ySUM4-jMzkEhxFkwanx8p9UFVR7Karvqbri5XGuyt3lzMYUqamsSkewGcy-wZLN3nbeGzSQ71guiVaUXN0i1KwRqdD/s1600/P1020346.JPG" height="320" width="214" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
<i>“Eu queria muito desejar que em 2014 eu fosse mais aberto ao
acaso. Mas eu tenho medo de ser atendido... então, acho melhor pedir que em 2014 eu seja mais
... poético.</i>”<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Foi
assim que me despedi de 2013.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E fui
criteriosamente atendido.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
2014
acabou exatamente onde tinha começado. Novamente numa tarde fria e ensolarada
na minha amada Londres. Estávamos na Trafalgar Square, o sol brilhava depois de
alguns dias de timidez cinza. Uma artista de rua de cachos ruivos cantava Let
it go (sim, aquela do Frozen). Não caí de joelhos, pois aos quarenta anos há de
se poupar um pouco os joelhos. Mas caí no choro. Porque aos quarenta não de
pode desperdiçar uma chance de chorar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Pois que
2014 foi o ano em que não apenas tive que me abrir ao acaso, como passar a achá-lo
uma coisa rotineira. 2014 parecia uma adolescente desafiando a paciência alheia.
2014 parecia querer dizer: olha até onde eu posso ir.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Pois que
fui, sim, poético. Ao ponto que meus amigos disseram que eu não estava me dando
conta da desgraça que estava sendo o ano. E nem quando a desgraça me chegou até
a cintura eu parecia disposto a maldizer o ano. 2014 passou. Eu passarinho.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Ao bem
da verdade, 2014 me pareceu uma coletânea de contos. 2014 não teve sequência
narrativa. 2014 foi um monte de coisas que aconteceram, mas não fizeram sentido como um todo. Foi um ano só,
mas eu vivi tantos...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Ou quem
sabe, 2014 foi também poético. Mas num
poema concreto. Sem métrica, sem rima.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Tecnicamente,
segundo o calendário, 2014 acabou com duas semanas de recesso. E mesmo com
alguns processos que insistiram em fazer o último deboche do ano, conseguimos
redecorar a sala, trocar almofadas, quadros, vasos (o que antes era vermelho,
agora é azul e amarelo, o que antes era só prata, agora é também dourado). E eu
li três livros e ouvi muita música. E teve o tradicional natal das famílias
oficiais reunidas. E réveillon de casa
cheia da nossa família inventada, de nossos amigos, e – pela primeira vez – de nossos
afilhados juntos. E quem diria que aos quarenta anos eu estaria –
voluntariamente - cercado de crianças?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Hoje eu
li “o filho de mil homens”, do Valter Hugo Mãe (Cosac Naify, 2013). Hoje eu li
que:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<i> quando se sonha grande a
realidade aprende<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<i>quem tem menos medo de sofrer, tem maiores possibilidades de ser feliz<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<i>ser o que se pode é a felicidade<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<i>que o amor é uma atitude. Uma predisposição natural para ser a favor de
outrem<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<i>nunca limites o amor, filho, nunca por preconceito algum limites o amor
(...) porque é o único modo de também tu, um dia, te sentires o dobro do que és<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<i>ele apenas denunciou o carinho que esperava do mundo. Tratava as coisas
todas como se as coisas todas fossem para melhorar. Era triste que ninguém
tivesse percebido até então<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<i>O que nos muda também nos aumenta<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<i>Deve nutrir-se carinho por um sofrimento sobre o qual se soube
construir a felicidade (...) apenas isso. Nunca cultivar a dor, mas lembra-la
com respeito, por ter sido indutora de uma melhoria, por melhorar quem se é<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<i>Todos nascemos filhos de mil pais e de mais de mil mães, e a solidão é
sobretudo a incapacidade de ver qualquer pessoa como nos pertencendo, para que
nos pertença de verdade e se gere um cuidado mútuo. Como se os nossos mil pais
e mais de mil mães coincidissem em parte, como se fôssemos por aí irmãos,
irmãos uns dos outros. Somos o resultado de tanta gente, de tanta história, tão
granes sonhos que vão passando de pessoa a pessoa, que nunca estaremos sós. <o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
E não há nada mais perfeito para
eu ter lido hoje. Assim geralmente me chegam os bons livros: por acaso e pontuais. E hoje não há
melhor definição de como me sinto, como um filho de mil homens.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Em 2014 eu fiz 40 anos. Eu sou um
feliz amontoado de escolhas e acasos. Um amontoado de gentes e vidas, umas
vividas, umas inventadas, outras só observadas. Sou a invenção e reinvenção de
mim mesmo. Sou quem eu sempre deveria ter sido, mesmo antes de saber disso. Sou
quem eu sempre quis ser, mesmo antes de saber que isso seria possível. Sou um
homem apaixonado. Um homem cada vez menos definitivo, mas cada vez mais
absoluto. Acima de tudo, sou um home grato. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Que em 2015 em ainda mereça e que
não me negue. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Como Crisóstomo, que aos quarenta anos, com seu inusitado entusiasmo , mudou o mundo.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4C9UZlfNH8FlQbnXbQ44_pQwdTrZE02mbw2YPJPukLJ3DbXDCS91VpTnx-EyEJYnREuI4eiFYwSvYeVPvEIePzNcCAIK77N4LVbfDnoerxezOb-adDnx2AKsxo8R_ZlfAVhoG/s1600/DSC_0417.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center; text-indent: 0px;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4C9UZlfNH8FlQbnXbQ44_pQwdTrZE02mbw2YPJPukLJ3DbXDCS91VpTnx-EyEJYnREuI4eiFYwSvYeVPvEIePzNcCAIK77N4LVbfDnoerxezOb-adDnx2AKsxo8R_ZlfAVhoG/s1600/DSC_0417.JPG" height="320" width="180" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<o:p></o:p></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14917380.post-2989903123036940862014-11-19T17:59:00.001-02:002014-11-19T17:59:12.819-02:00November rain<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<o:p></o:p></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhw9aPu5Q4j9rhlZL-WE8fc5CwLeCjK_JMG3jCviWL5s1RarN5f3zT8I1-UcPfWzFuhB5kyAAl54JBWuhlmvMQdcEkuaiTyCLMHSN5x7Gn1isogUNHhvi28IDPM4Q1dbjgx3AUn/s1600/P1010336.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhw9aPu5Q4j9rhlZL-WE8fc5CwLeCjK_JMG3jCviWL5s1RarN5f3zT8I1-UcPfWzFuhB5kyAAl54JBWuhlmvMQdcEkuaiTyCLMHSN5x7Gn1isogUNHhvi28IDPM4Q1dbjgx3AUn/s1600/P1010336.JPG" height="320" width="214" /></a></div>
<br />
Não gosto de
surpresas. Nem das boas.<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
É que gosto mesmo é
de controle.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Mas gosto de
aprender coisas novas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Ainda que sobre mim
mesmo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Lição do mês.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Para o casamento da
minha irmã, tudo estava sob controle. Dois vestidos prontos. Sapatos,
grinaldas, até a fita para o acabamento do buque. Já havíamos feito aparadores
espelhados, vasos, porta-velas e anéis de guardanapo. Havia esboço para cada
andar do bolo, para a distribuição da mesa de doces. Já estavam entregues os
convites, compradas as bebidas, contratado o bufê, o fotógrafo, o DJ. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.4pt;">
Contei que minha irmã estava reformando o
apartamento?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
E tinha aquele
clima da eleição, e a sensação de algo poderia acontecer. Antes mesmo de se
decidir se seria algo bom ou ruim, havia a tensão de mudança. Teve a ameaça evangélica,
o messianismo da Marina, e o inominável comportamento do Levy. Aí a gente
pensou que depois de tanto tempo ainda não tínhamos – por pura preguiça –
regularizado nossa situação. Mesmo vivendo juntos há mais de 8 anos, e não
tendo dúvidas do quão casados somos, não tínhamos nenhum pedaço oficial de
papel que comprovasse isso. Sim, para nós nossas fotos têm mais valor...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Então a gente
resolveu casar. Porque já era tempo, porque tantos de nós quiseram e não
puderam. Porque para nós agora não muda nada, mas no futuro pode ser
importante. E romanticamente porque eu acho que fui pedido em casamento, ou
pelo menos não foi minha a iniciativa. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Fomos ao cartório,
marcamos a data. Meu pai capitaneou o coro dos inconformados com a ideia de que
não haveria festa. Cedemos em fazer um
jantar só para a família – 20 pessoas. 1 mês antes do casamento da minha irmã.
Mais uma maratona se iniciou. 15 pratos, 5 sobremesas, muitas flores. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Meus pais se
empolgam, e resolvem acabar de redecorar a sala para a festa.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Cinco dias antes da
nossa janta, minha mãe se sentiu mal. Infarto. 3 safenas, sérias complicações
pós-operatórias. 1 semana de UTI. Cartório, estamos casados. Desistimos da janta. 2 semanas de hospital. 3
visitas diárias. Pai sozinho em casa, e o cachorro. E teve uma viagem de
trabalho, e a instalação de um ar condicionado. Mãe volta para casa. Precisamos
conseguir uma empregada. Não é fácil.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Visitas diárias,
idas ao médico. Édipo, Édipo, Édipo. Mãe dengosa e demandante. Pai competitivo
e ameaçado. Eu tento não mimar muito um nem magoar o outro. E ajudo na casa,
cozinho, limpo. E sigo minha vida, minha casa, meu trabalho.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
E sigo os
preparativos do casamento da minha irmã. Como dá trabalho fazer centenas de
bem-casados. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Só que não
precisava. 15 dias antes, o casamento é cancelado. Brigaram. 1 mês morando
juntos e já não aguentaram. Operação reversa, desmontar um casamento que estava
milimetricamente montado. Não teve drama. Ninguém mais tinha energia para isso.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Eu, exausto, bato o
carro.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Faço aniversário.
40 anos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
De presente, peço
uma folga.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Lição do mês. Lição
para a vida.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Estamos todos bem. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Eu, sendo eu, fiz o
que pude. Só, como sempre, não soube a hora de parar. Tive, mais uma vez, de
ser parado. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Sim, sou um
otimista. De que outra forma se suporta viver? A vida sempre se impõe. A gente
tem que seguir, mas pode decidir o que vai levar na bagagem.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Foi um mês e tanto.
Um mês que não mudou minha vida. Mas um mês para ser lembrado.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Saio aliviado, saio
alegre, saio melhor. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.4pt;">
Não só por minha mãe ter sobrevivido (sim, houve risco). <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.4pt;">
Evidentemente por estar casado. Não por ter agora
uma certidão que diz o que eu já sabia, mas por ter a alma completa e ter
passado por tudo isso fazendo só metade da força.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.4pt;">
Orgulhoso, me parece, por não ter surtado, me vitimizado, ou pior,
descarregado em raiva. Tive um mini ataque de pânico, no final, um dia depois
de ter batido o carro. Mas, vamos convir, isso foi quase nada.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.4pt;">
Convicto de ter aprendido um pouco mais sobre minha
relação com limites, culpa e controle.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.4pt;">
Reconfortado por ter sido protegido por tantas pessoas que
estiveram disponíveis e prestativas e
que foram como anjos da guarda em volta da minha confusão.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.4pt;">
Satisfeito por ter passado tempo sozinho com meu pai
e reencontrado um homem que eu sempre amei.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.4pt;">
E agora percebo que a lição maior desse mês louco
não foi só sobre minha pulsão de controle, mas foi - mais uma vez - sobre amor.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-14917380.post-28257466688078054522014-08-27T13:12:00.000-03:002014-08-27T13:12:12.620-03:00<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Como se
esse texto fosse o parágrafo seguinte do anterior.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Cada um
dá o que tem.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A gente
sorri para a vida e ela sorri de volta. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
A casa segue cheia, os livros
seguem lidos. A louça está sempre lavada e o forno vive quente. A roupa seca. Seja
ao sol, seja com ar condicionado ligado.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Tenho a recompensa
de ter a vida que quis e planejei ter. Mas tenho a graça de ter uma vida que
nem mesmo imaginava.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Ano
passado, minha cunhada casou. Um casamento de princesa, para centenas de
convidados com milhares de flores. Mas o casamento foi em outra cidade, em
outro Estado. Participamos o tanto que nos foi possível. Foram horas de
ligações, e-mails, troca de fotos. E a
curiosa história do vestido.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Muitos anos
atrás, estávamos em Paris e nos deslumbramos com uma vitrine. Era uma loja de
vestidos de noiva, a Pronovias. Brincamos
que se um dia uma das nossas irmãs casasse, ali seria o lugar para achar o
vestido certo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Só depois
descobrimos que a marca era espanhola, ou mais precisamente catalã de
Barcelona. Namorar as vitrines da Pronovias virou uma das nossas muitas
tradições de viagem. Ano retrasado estávamos em Madri e mandamos uma foto da
vitrine para minha cunhada. A profecia se cumpriu meses depois na Pronovias de
São Paulo, onde ela achou seu vestido, da mesma coleção e quase igual ao que tínhamos
fotografado. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Não bastasse,
no ano passado, meses antes do casamento, estávamos mais uma vez em Madri
quando recebemos a missão de comprar a grinalda. Muita procura depois, acabamos
na mesma loja que havíamos fotografado um ano antes comprando uma tiara que
estava na mesa vitrine.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
De lá
fomos para Londres onde compramos as abotoaduras do noivo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Pois. Esse
ano quem casa é minha irmã. A festa será menor, mas será aqui. Dessa vez
podemos participar ainda mais. Tentamos a fórmula da cerimonialista. Não deu,
minha família não é assim. Estamos fazendo as coisas do nosso jeito.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E nossas
casas estão desde já tomadas de pérolas e rendas e vasos e porta-velas. Deois virão
as flores. E faz semanas que bordamos, colamos, pregamos. E faremos o bolo, os
bem-casados, os macarrons.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E o
vestido não será da Pronovias. O vestido da minha irmã, eu mesmo estou fazendo.
Com tecidos comprados em Paris, onde, vejam só, estávamos mês passado com minha
cunhada e o marido. Ainda que atrasados, finalmente estávamos os três juntos
escolhendo um vestido de casamento.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
A grinalda da minha irmã? A
grinalda nós compramos em Madri, porque a vida é assim, detalhista.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
E porque a gente precisa estar
sempre atento. E disposto.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Porque a gente tem que merecer. E
não deve se negar.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
Unknownnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-14917380.post-13377520284499405942014-05-31T16:26:00.002-03:002014-05-31T16:26:59.752-03:00Uma vida simples numa existência complexa<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdIZWnf5e-9ZVjj1Cj-4Y3rToWMmwQZ91ZARqSHeYlw9o8pnal2CYn0RVRQu_jXmaVx4U6DV5swuNhm3fXjccA7R6j0IUmSycohOX5QhAGguEgWtXQQBocHI4PENlPaK3qE-k5/s1600/P1010312.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdIZWnf5e-9ZVjj1Cj-4Y3rToWMmwQZ91ZARqSHeYlw9o8pnal2CYn0RVRQu_jXmaVx4U6DV5swuNhm3fXjccA7R6j0IUmSycohOX5QhAGguEgWtXQQBocHI4PENlPaK3qE-k5/s1600/P1010312.JPG" height="320" width="214" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Tento
me encontrar numa vida simples, mas numa existência complexa.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Fui
criado numa mistura de neoliberalismo americano com bourgeoisie française. E assombrado
por um medo da pobreza pós-guerra. Qualquer guerra, de qualquer lugar. Ou o que
importa é dizer que fui criado para acima de tudo sobreviver. E para nunca
parar. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Fui
criado entre estoques e financiamentos. Fui criado numa obsessão de acúmulo para
garantir um futuro que era tão temido quanto detalhadamente traçado. Não que
houvesse ansiedade ou cobrança, tudo era uma inexorável projeção matemática. Não
havia culpa, não havia fanatismo, nem mesmo sentia pressão. Tudo era um cartesiano
empilhamento de deveres que construiriam a escada do merecimento.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Estimulado,
bem verdade, por aplausos e pela confiança inabalável de que o que era meu
estava guardado! Tão importante quanto o que, era o onde. Lá em cima. E eu
subi. Às vezes em caracol, às vezes tropeçando. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Precisei
de vinte anos para entender que sim, o que era meu estava guardado, dentro de
mim mesmo. Precisei de outros quase vinte para entender que eu podia parar de
subir.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Tínhamos
medo. Eu, meus pais. Medo. Só hoje podemos entender do quê. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Passou.
Aquele medo passou.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
No
natal passado, em meio à troca de presentes, meu pai me deu um cartão. Dizia que
eu precisava sorrir. Sorrir para minha vida, para minha casa, para o meu
trabalho. E deixa-lhes me sorrir de volta. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
E
eu já falei sobre a bagunça que fiz ano passado.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Passou.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ainda
que tenha levado mais alguns meses, eu voltei a sorrir. E, sim, tudo sorri de
volta. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Porque
ainda sou eu. Porque ainda urge em mim querer mais. Quero mais de mim (e não
para mim). Quero ser melhor. Não melhor que os outros, senão para os outros. Quero
ser o melhor de mim.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Faço
compromissos comigo mesmo. De cuidar do meu corpo, de cuidar da minha mente, de
cuidar de quem eu amo. E que isso não me baste. De cuidar dos estranhos, do
trânsito, do planeta. De cuidar do que absorvo e ainda mais do que espalho.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Assim
fiz as pazes comigo, fiz as pazes com o mundo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Fiz as pazes
com meus livros. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
E voltei a
sentar nas poltronas da sala nas tardes de sábado, com livros que me fazem rir,
me fazem chorar, me fazem pensar. E voltei a sentar nas poltronas nas noites
sábado com a casa cheia de visitas que me trazem vida.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Visitas que me
trazem, também, livros.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Dois livros
que eu nem sabia o quanto precisava ter lido. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Um que poderia
ter já ter chegado antes: <b><i>A Arte da Vida</i></b>, de Zygmunt Bauman
(tradução de Carlos Alberto Medeiros, publicado pela Zahar). Filosofia fácil e
um primeiro capítulo que era tudo o que eu queria ter lido 10 anos atrás.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
E outro que
chegou agora, mas que eu pretendo reler daqui muitos anos: <b><i>a máquina de fazer espanhóis</i></b>,
de Valter Hugo Mãe, pela Cosac Naify.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
É desse último
que deixo uma citação:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i>“sentir o que não existe é uma
qualquer saudade de nós próprios. muita coisa é apenas uma saudade. muito dos
sentimentos.”<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<i> <o:p></o:p></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14917380.post-76639385133233130972014-01-17T17:16:00.001-02:002014-01-17T17:17:10.264-02:00<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhduVmalFJc51CG93Z2D7L8F65PAqZKMLQHBDlPP6rF3Vi-Q8sXVWqyvrkR8Lq62D-zh24PULmsOOI1ZMipkwajVhfUhiW1EWJ9w21kvVVjvxcp1ph-DPttpYi1Yp5RucQ6UM_8/s1600/P1010210.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhduVmalFJc51CG93Z2D7L8F65PAqZKMLQHBDlPP6rF3Vi-Q8sXVWqyvrkR8Lq62D-zh24PULmsOOI1ZMipkwajVhfUhiW1EWJ9w21kvVVjvxcp1ph-DPttpYi1Yp5RucQ6UM_8/s1600/P1010210.JPG" height="214" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Talvez
eu seja muito prático para ser romântico. Ou talvez meu conceito de romântico
não seja muito cinematográfico. É que eu amo. Amo e pronto. Assim, um absoluto.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A verdade
é que eu acredito mais em romance do que em romântico. Por isso sou tão
entusiasta do casamento, porque casamento é um longo romance. O nosso completa
8 anos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
E nesses
8 anos, eu ainda não fantasiei sobre o que faria se fosse solteiro. Mas ainda
fantasio sobre o que fazer quando tu chegares em casa. Ainda fantasio sobre
finais de semana e sobre noites de sextas e manhãs de sábado.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Fantasio
com nossas conversas depois do café sobre os livros que lemos, com nossa cumplicidade
voltando para casa depois dos almoços de família no domingo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
E sim, é claro, fantasio com
julhos em Madri e dezembros em Londres. E nunca vou me esquecer da tua primeira
vez em Paris ou da minha primeira vez na neve. E embora sejam cidades que digam
tanto sobre nós, acho que elas servem tão somente de cenário para o que sinto. O
que me vem agora é a sensação de estar levemente embriagado andando abraçado
por ruas tão conhecidas. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
E não será isso que a gente
sempre busca num casamento? A sensação de andar por ruas conhecidas? E é isso
que encontro em ti. Essa segurança, esse calor, esse pertencimento. Contigo não
tenho medo, contigo não tenho receio. Porque comparado com tua presença em minha
vida, todo o resto fica menor. E nem é que tu tenhas sempre as repostas certas,
é que na verdade tu és mais importante que as perguntas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Sim, sim, ás vezes a gente se
cansa, às vezes a gente insiste em pegar o caminho mais longo, e às vezes a
gente perde a paciência e se atravessa, mas o que vale é que a gente sempre
acaba juntos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
E eu sei que muitas vezes eu
reclamo da vida e a xingo de rotina. Mas isso não tem nada a ver conosco. Afinal
– será esse o segredo? – já perdi a conta de quantas vezes me apaixonei por ti.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Então, feliz aniversário para nós.
Não vai ter flores (nesse calor seria crueldade com elas), não vai ter vinho
(estamos em detox). Vai ter brunch e jantar especial (como todos os sábados). E vamos
dormir abraçados em lençóis limpos, com pijamas combinados, fazendo planos para
o resto de nossas vidas.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
Unknownnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-14917380.post-66802451575785770842014-01-03T16:04:00.001-02:002014-01-03T16:04:16.099-02:002013<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsjtjDF4GlEJAnZlz9eFFTbeVlTS2i7zvXx_mFd_Nv2-go3S0Tg_vmYDH8rxsz89PITMAcUGqheYR21jkUsWLc0iGLLebzvXgUJOPHxH_lBSqPj9N5a1NZyeGccwE8Y2CF_vg9/s1600/P1020281.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsjtjDF4GlEJAnZlz9eFFTbeVlTS2i7zvXx_mFd_Nv2-go3S0Tg_vmYDH8rxsz89PITMAcUGqheYR21jkUsWLc0iGLLebzvXgUJOPHxH_lBSqPj9N5a1NZyeGccwE8Y2CF_vg9/s320/P1020281.JPG" width="214" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Nuca
foi tão difícil escrever um texto de virada de ano. 2013 talvez nem tenha sido
um ano difícil, mas foi muito estranho. E eu fui estranho.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
2013
teve um foco errado. Foquei errado. Foquei no que eu queria mudar e fui
atropelado pelo que estava realmente mudando. Perdi muita energia em quem eu
deveria ser e deixei de lado quem eu queria ser. E para piorar, fui meio duro
com que eu gosto de ser. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
E
como dá para perceber, fiquei muito focado em mim. E isso não me faz bem. Tive algumas
experiências de acho que se aproximaram muito de um ataque de pânico. Evitei qualquer
tipo de leitura com medo de algum processo reflexivo fosse desencadeado, me
vitimizei, me julguei, e como há muito tempo não fazia, me puni severamente. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Ah, pois é, eu
sou controlador esse tanto.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
E de tudo
isso, provavelmente não devo ter sido uma boa companhia em 2013. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Mesmo que na
minha percepção, eu não me veja como um cuidador. Eu me sinto um compartilhador.
Cada um dá o que tem. Eu nasci - e algumas vezes renasci – para ser feliz.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Esse sou. Não
suporto gente infeliz. Não suporto tão pouco o feio, o vulgar ou o fake e tenho
muita dificuldade com o sintético, mas acima de tudo não suporto quem não se
deixa ser feliz. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
2013, como todos
os anos impares de que me lembro, só disse ao que veio na reta final. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Custei, mas me
reencontrei. Achei minha pista numa rua gelada de Londres no final de novembro.
E não é que tudo estava lá, onde sempre esteve? Passei meses cego, simplesmente
porque insisti em fechar os olhos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Então, 2013
foi ano e tanto. Foi um ano lindo e de crescimento. Não foi ano de plantio, foi
de colheita. E sim, a gente colhe o que planta.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
2013 foi o
melhor ano do meu casamento. Porque com medo e perdido, só encontrei segurança e conforto em ti.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
2013 foi o
melhor ano da minha família, porque meu pai sobreviveu a 3 safenas, porque minha
mãe reencontrou a paixão (ainda que num cachorro), porque os dois deixaram de
fumar depois de 50 anos, porque minha irmã enfim parece ser um mulher em paz.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
2013 foi o
melhor ano das minhas amizades, porque todos melhoraram de vida, porque todos
se tornaram pessoas melhores, porque todos estavam aqui dispostos a cuidar do
meu umbigo ferido. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
2013 foi o
melhor ano da minha maturidade, porque para uma pessoa que não quis ter filhos,
eu passei o ano cercado de crianças. Ver o Pedro do alto de seus recém 3 anos
gritando: - Dindo, quero xixi! É uma das coisas mais comoventes que a vida
adulta pode me trazer. Ter alguém que mesmo com todas as possibilidades do
mundo ainda pela frente te escolhe para sua vida é se sentir muito especial. E
na penúltima semana do ano, nasceu a Isabela. E lá vamos nós outra vez.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
2014 vai ser
ainda melhor. Porque eu não vou me negar e vou continuar tentando merecer. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Pense no
pequeno Lutti com seu impecável topete negro tremendo enquanto ele agita os
punhos cerrados e bate os pés e trincando os dentes bufa: - Feliz. Tem que ser feliiiiiz!!!!!!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Eu queria
muito desejar que em 2014 eu fosse mais aberto ao acaso. Mas eu tenho medo de
ser atendido... então, acho melhor pedir
que em 2014 eu seja mais ... poético.<o:p></o:p></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p></o:p></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTkOAICkSYe96JLwPWaQdqf7FwIEFNNrFAmI6bumiMIEorPg7vLo4L4SWxOIZF3frrMTDT3LoAGJLbneiQvEcAlYvoEZlja7EfTamGsM-aSod5EU0HDDkVUY2c-mHAqpENCZ_B/s1600/P1020284.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTkOAICkSYe96JLwPWaQdqf7FwIEFNNrFAmI6bumiMIEorPg7vLo4L4SWxOIZF3frrMTDT3LoAGJLbneiQvEcAlYvoEZlja7EfTamGsM-aSod5EU0HDDkVUY2c-mHAqpENCZ_B/s320/P1020284.JPG" width="214" /></a></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14917380.post-67346066858890472762013-11-22T13:48:00.001-02:002013-11-22T13:48:42.334-02:00Poisoned by a book<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxDdPdWtix6aRLN_lTZLtNsNTUsC-pjuJnWGad8kx4bD614Ai8-oqZ8nKb30Gsip6L07XirUnHr1rtvQqq6vab_cvfqJQPeDvhNjsFM8FwOw-ArdezEG8Ka0qwE8bN6-NeoxAx/s1600/P1020265.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxDdPdWtix6aRLN_lTZLtNsNTUsC-pjuJnWGad8kx4bD614Ai8-oqZ8nKb30Gsip6L07XirUnHr1rtvQqq6vab_cvfqJQPeDvhNjsFM8FwOw-ArdezEG8Ka0qwE8bN6-NeoxAx/s320/P1020265.JPG" width="214" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Oi.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Não que isso nunca tenha acontecido, mas dessa vez demorou. E não que eu não siga escrevendo, é só que tantas vezes a catarse acaba antes de publicar o texto.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Eu gosto de detalhes, eu me apego a picuinhas. São essas coisinhas que me levam ao óbvio. O óbvio está sempre tão perto que às vezes sai do foco.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Os últimos meses foram intensos nos detalhes. E nem por isso menos tediosos nos óbvios. De uma troca áspera de e-mails com uma vizinha que me levou a repensar onde quero morar, à passagem do meu sogro e do meu pai por sustos hospitalares que me levaram a lembrar onde quero gastar meu tempo e meu dinheiro.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Some-se um casamento de sonhos de uma cunhada e a notícia da gravidez da outra.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Londres, com calor de 30ºC e Madri em mais uma temporada perfeita.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
E eu que fiz 39 anos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Não que o número tenha qualquer importância, o que me assusta é o acúmulo de fatos e a falta de vontade. Envelhecer, pelo menos agora, não está sendo uma ideia romântica.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Primeiro porque eu estou relutando. Não apenas pela quantidade de ácidos que tópica e utopicamente passo no rosto todas as noites, mas principalmente pela minha absoluta resistência em abraçar os clichês que me estão destinados. Não quero filhos, não quero começar ouro financiamento para um apartamento ainda maior, não quero ter nenhuma responsabilidade prática com meus pais.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Quero continuar um jovem adulto no auge de sua vida intelectual, amorosa e financeira. Quero manter essa orgia de prazeres domésticos, essa vida de europas, presentes e desapegos ecológicos. Existencialista, confesso que ainda queria mais algumas experiências para meu estoque de lembranças.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Só que também em outros aspectos, igualmente caros, quero preparar a próxima década da minha vida, quero aumentar nosso patrimônio, fazer poupança, blábláblá.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
E tudo isso anda me gerando alguns questionamentos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
A convicção é a vaidade da teimosia. A teimosia é o argumento dos ignorantes – e das crianças. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<o:p></o:p></div>
Estarei eu me recusando a crescer? Será que não quero entrar na próxima fase inexorável da vida? Será inexorável? Tenho escolha? Posso resistir? Posso adaptar? Será uma desonra patética? E toda defesa da honra não é em si um pouco patética?<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Sei, sei.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Aquelas coisas da vida, a vida. Para quem merece e não se nega. E vive atento e disposto.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Então que caem na minha mão edições comemorativas de dois livros dos muitos que marcaram minha adolescência. Uma edição com redação original e comentários sobre as alterações editoriais de O retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde (Ediçao Anotada e sem censura, organizada por Nicholas Frankel, Biblioteca Azul. Editora Globo , 2013). E uma edição com nova introdução e notas de Grandes Esperanças de Charles Dickens (Penguin Classics Companhia das Letras, 2012).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
O retrato de Dorian Gray gerou muita polêmica em seu lançamento, evidente por seu conteúdo homoerótico demais para a sociedade vitoriana, mas também por seu libelo ao hedonismo de Dorian como uma forma de arte. Oscar Wilde, sabemos, acabou sofrendo um processo pelo então crime de ser homossexual. Na verdade, foi vitima de sua própria vaidade. As provas contra ele – que incluíam vários trechos de O retrato de Dorian Gray – foram produzidas num processo prévio de calúnia que ele mesmo moveu contra o pai de um de seus amantes que lhe acusara de posar de sodomita. O pai do jovem conseguiu provar que suas acusações eram verdadeiras. A quantidade de provas produzidas deixou claro que havia material para uma acusação direta. Oscar poderia ter fugido para Paris antes da acusação formal. Não o fez...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Bem, mas o que quero apontar é que uma das críticas ao O retrato de Dorian Gray seria o incentivo à corrupção dos jovens. O livro era uma má influência. Oscar Wilde, visto por seus críticos como o próprio lorde Henry Wotton poderia desvirtuar seduzir jovens inocentes. E no livro, Dorian se declara “envenenado por um livro” (que, sim, lhe foi dado por lorde Henry) sobre um jovem parisiense que no século XIX busca viver, experimentar e pensar na forma livre dos séculos anteriores.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
O requinte é que o próprio Oscar Wilde foi também, na juventude, tocado por um livro que exaltava liberdade e o prazer esteta do renascimento: Estudos sobre a História do Renascimento, de Walter Pater, que analisava a arte renascentista identificando-a com a tradição helenística. Ao seu tempo e para seus críticos, helenismo era um eufemismo para esteticismo e homoerotismo. Pater passou o resto de sua vida tentando se retratar e explicar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Grandes esperanças é assexuado. Mas não menos sedutor. Pip é confrontado com dois mundos que não são o seu. Conhece um bandido fugitivo de uma prisão e uma senhora aristocrática. Horroriza-se com um, deslumbra-se com o outro. Não exatamente entende- em princípio - nenhum dos dois. Pip é surpreendido por uma sequencia de fatos em sua vida e acaba fazendo suas próprias conclusões sobre seus significados, interliga suas observações e cria um destino para si mesmo. Para depois se descobrir totalmente enganado.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Li-os quanto nem bem tinha 13, 14 anos. Li-os porque eram parte do acervo básico das estantes de casa e porque me pareciam eram obras necessárias ao repertório do homem culto que eu me preparava para ser. Só hoje entendo o impacto dessas - e outras – leituras dos meus tenros anos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Ora, ora, de um lado a história de um menino que acredita que o caminho para uma vida feliz é a cultura e as aparências da riqueza e que acaba punido por não ter sido fiel a si mesmo. Ou terá sido por não ter os méritos das suas supostas conquistas?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Do outro, um jovem hedonista que acredita que as únicas coisas que valem a pena são sua juventude e beleza e todos os prazeres que esses valores lhe podem proporcionar. Acaba punido por sua vaidade e remorso.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Fui, sempre serei (?) ambos. Cada um em um momento, às vezes ao mesmo tempo. E nenhum sou menos autêntico.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
O homem é para o que nasce. Alguns melhoram, outros pioram. Ninguém foge de si mesmo- ainda que muitos tentem. Alguns se encontram.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Eu nasci é para ser feliz.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Mas pela primeira vez em muito tempo, não sei quem sou.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Embora, para ser sincero, saiba que não seria diferente de quem sou. </div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<o:p></o:p></div>
Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-14917380.post-7326504924661292192013-04-01T19:35:00.003-03:002013-04-01T19:35:35.025-03:00<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgn18gpZ3aCq4085UrkNGkDq47QMqStUVOsdkmvA-vkHNmPZNxKnyMONZHANbYwGVFV3_Zw-WiGVutPgNZWB0oW1LRk5s6_CnWq0arw_BrlPsqKoazW9b6NXs0Ndf5Qk3HE-k18/s1600/P1010847.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="214" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgn18gpZ3aCq4085UrkNGkDq47QMqStUVOsdkmvA-vkHNmPZNxKnyMONZHANbYwGVFV3_Zw-WiGVutPgNZWB0oW1LRk5s6_CnWq0arw_BrlPsqKoazW9b6NXs0Ndf5Qk3HE-k18/s320/P1010847.JPG" style="cursor: move;" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Tendo a
ser um tanto performático em minhas decisões pessoais. Um processo em geral
latente se prolonga até um marco onde num exagero axiomático me transmuto numa
Scarlet fazendo juramentos de nunca mais.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Foi assim
que aos 24 resolvi que seria enfim jovem e levei minha decisão aos extremos da inconsequência
com meu corpo e minha psique.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Foi assim
que aos 31 resolvi que minha juventude estava acabada e comecei um severo
processo de preparação para a velhice.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Ah, pois
é, eu faço dessas. E acabo sempre no
mesmo clichê que cabe entre o 8 e o 80. Eu nunca chego ao meio sem passar por
uma das pontas. Eu até me encontro no equilíbrio, mas só me reconheço no
extremo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Talvez
agora eu esteja em algum ponto no caminho. Tenho tudo em quase equilíbrio. Do
trabalho às finanças, do amor aos desejos, do corpo aos pensamentos. Tudo em
quase equilíbrio. Tudo numa paz morna e dourada de fim de tarde no outono. Ou seria
uma paz fresca e prateada de começo de manhã na primavera?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E quando
sentamos nossos corpos magros e bem torneados nas poltronas de couro,
patrimônio de família recém renovadas, lendo um romance cruelmente bem escrito
de Ian McEwan, quase não me sinto cobrado pelas janelas que eu não vencemos
pintar na temporada das reformas de
verão.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Nessas
horas não me privo do sorriso orgulhoso da felicidade. Felicidade forjada em
prestações de classe média, em esforço legítimo e contínuo. Felicidade adulta e
honesta.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E, sim, tédio. Ou medo. Como se o silêncio me
inquietasse. Ou ameaçasse. E se de repente as coisas mudarem. Ou se nada
acontecer? <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Porque eu
até melhoro, mas no fundo eu não mudo. E a pulsão de controle é tamanha que eu tenho
a impressão de que até os problemas eu mesmo quero criar. Pra pedir silêncio eu
berro, pra fazer barulho eu mesmo faço.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E na
falta de um grande livro, de um grande problema, de um grande inimigo. Eu simplesmente
vivo. E o que pode haver de errado nisso?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
<br />
Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-14917380.post-33957839116619904542012-12-21T18:15:00.000-02:002012-12-21T18:15:16.026-02:00Montaigne, Almodovar e o mundo que não acabou<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUMipP15zmLQIx-GEJ5H5D5TAY-30sOQnm2vYhXrBnlbjCEkagR2-hIg6wEVuct4l3devVbM8JmiAdNfDlVsva1TJEBBCsTd-xW3Ol31kLkffm2IaBVe101SVlBT6dx3B1s9FN/s1600/P1020098.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUMipP15zmLQIx-GEJ5H5D5TAY-30sOQnm2vYhXrBnlbjCEkagR2-hIg6wEVuct4l3devVbM8JmiAdNfDlVsva1TJEBBCsTd-xW3Ol31kLkffm2IaBVe101SVlBT6dx3B1s9FN/s320/P1020098.JPG" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<o:p> </o:p> Adoro essa
época do ano, porque acabei de chegar de férias, porque estamos às vésperas das
semanas de recesso, porque tem clima de festa, porque tem sempre gente reunida,
porque tem sempre algo acontecendo na minha cozinha.</div>
<div class="MsoNormal">
Hoje,
preparando uma sobremesa para um jantar de família, me peguei numa cena digna
de Almodóvar. Estava eu vestido de vermelho, com uma tábua de cozinha cheia de
pêssegos cortados pela metade enquanto derretia manteiga numa panela de cobre.
Também havia uma tigela com cerejas recém descaroçadas. Por causa das cerejas,
minhas mãos pareciam cobertas de sangue. Por um acaso de refinamento estético,
um CD de música flamenca estava tocando.</div>
<div class="MsoNormal">
Atendo o
telefonema que recebo todos os dias na hora do almoço, rindo. Flashes de
felicidade sempre me fazem suspirar...</div>
<div class="MsoNormal">
E como
quase sempre acontece, enquanto cozinho acabo pensando na vida. E mais uma vez
rindo sozinho, percebo que, então, o mundo não acabou. E vamos combinar, que
esse enredo de final do mundo com data marcada, por si só, já é Almodóvar puro.</div>
<div class="MsoNormal">
De qualquer
forma, sempre acho que se minha vida fosse filme não seria improvável que
Almodóvar fosse o diretor. Então, acabar o mundo numa cena com frutas
vermelhas, facas e na cozinha, seria bem coerente.</div>
<div class="MsoNormal">
Não que eu
tivesse me preparado para isso. Ou talvez eu esteja sempre preparado.
Gentilmente, o destino (ou diretor desse meu filme) colocou no meu caminho
“Como Viver: A vida de Montaigne em uma pergunta e vinte respostas” da Sarah
Bakewell (Objetiva, 2012). Um daqueles tantos livros que eu compro e guardo,
esperando que a vontade de lê-lo apareça no momento em que deva aparecer.
Montaigne é um filósofo pouco convencional mesmo para o século XVI. A sua
maneira, ele foi o primeiro blogueiro moderno, ainda que à moda antiga do que
entendemos hoje por blogar, isso porque o que Montaigne escrevia era o
dia-a-dia de seus pensamentos, expondo suas opiniões, digressões e
idiossincrasias na exata maneira que fluíam.
</div>
<div class="MsoNormal">
Todo mundo
que se encanta com Montaigne tem a sensação de que ele se torna um amigo
íntimo, de que ele escreve para nós ou pelo sobre nós mesmos. Da minha parte,
reconheço o Montaigne estóico, cético, epicurista. E ambiciono, ainda que em
tese, aquela impressão de temperança que tantos românticos vieram a taxar de
frieza. Obviamente, o que me fascina é a idéia de entender “como viver” a
partir da própria vida, da observação às vezes caricatamente sincera de si
mesmo .</div>
<div class="MsoNormal">
Até aí,
nada tão surpreendente assim. Tão pouco surpreendente a conclusão a qual nos
levo com este texto: o mundo não acabou, mas a vida sempre está a um momento do
fim.</div>
<div class="MsoNormal">
Tivesse o
mundo acabado, eu teria acabo feliz.</div>
<div class="MsoNormal">
Como acabo
feliz este texto. Feliz de Montaigne, feliz de Almodóvar, feliz de telefone.</div>
<div class="MsoNormal">
Porque eu
faço por merecer cada dia. E enquanto isso, não me nego.</div>
<div class="MsoNormal">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
</div>
Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-14917380.post-4478074193568003272012-12-17T23:25:00.000-02:002012-12-17T23:25:11.248-02:00<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwoOhNiSGciDo0Id3j_lx4Qz7skv8qWX1hRu-HLVl65AsuXycBE2uTunMp4TKypdOl-nbnAJRI0GGWzcYsll_ONo4FoGgX9tmjn6UjKiIF1xL0ISK_Nnlds0d9VRNO_JFZPOJT/s1600/P1020085.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwoOhNiSGciDo0Id3j_lx4Qz7skv8qWX1hRu-HLVl65AsuXycBE2uTunMp4TKypdOl-nbnAJRI0GGWzcYsll_ONo4FoGgX9tmjn6UjKiIF1xL0ISK_Nnlds0d9VRNO_JFZPOJT/s320/P1020085.JPG" width="213" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Não que
haja nisso qualquer surpresa, mas eu estava de férias. E, sim, estava em
Londres. </div>
<div class="MsoNormal">
E não vou
traçar uma única linha sobre estar lá de novo. Tudo o que poderia dizer e
escutar sobre isso foi mais uma vez repetido para cada pessoa que insiste em
opinar sobre onde eu deveria passar minhas férias. </div>
<div class="MsoNormal">
Londres
estava um pouco mais fria do que a média para o final do outono, mas em
compensação estava bem menos chuvosa. Considerando temperaturas sempre abaixo
dos 10ºC e as poucas horas de luminosidade no dia, a cidade estava quase
ensolarada.</div>
<div class="MsoNormal">
As coisas
estavam mais caras. Ou, mais precisamente, menos baratas. É que dessa vez quase
não havia promoções, por outro lado não havia muita novidade nas lojas.
Compramos como sempre, porque presentes de Natal não são um gasto elegível! Mas
gastamos um pouco mais, talvez uns 15%. </div>
<div class="MsoNormal">
Já os
britânicos não estão comprando nada. Os turistas – poucos – também não. Um
clima geral de sobriedade impera no comércio. A Europa ainda não vive tempos de
ousadia ( nem na moda, nem nas vitrines).</div>
<div class="MsoNormal">
Pensando em
análises e comparações, lembro das férias de verão e do que senti em Madri, e
não senti em Paris e mais uma vez me rendo a minha querida Londres, porque a
cidade continua fiel em sua essência – ou aos meus olhos.</div>
<div class="MsoNormal">
Então Londres
segue sendo um lugar de coração batendo, de música tocando, de pés dançando nas
calçadas. E de gente bonita, elegante e sincera.</div>
<div class="MsoNormal">
Exposições
incríveis de vestidos de festa e de figurinos de cinema no V&A. Mas a que
ficará para sempre no meu imaginário dos inesquecíveis é a exposição de 130
vestidos de alta-costura do Valentino, na Somerset House.</div>
<div class="MsoNormal">
E num misto
de orgulho e decepção, nos damos contas que eram poucos os musicais que ainda
não havíamos assistido pelo menos uma vez, mas mesmo assim conseguimos nos surpreender
com Dreamboats and Petticoats, Top Hat, Singin’ in the Rain e Kiss me, Kate. Finalmente
assistimos a tradicional The 39 Steps. Saímos um tanto chochos do badalado Viva
Forever, com as músicas das Spices Girls. O cenário e animação persistente da platéia
são melhores que o próprio musical. </div>
<div class="MsoNormal">
Já Matthew
Bourne reconquistou meu coração com sua Sleeping Beauty — New Adventures,
apagando da minha memória aquele traumático Quebra-nozes do ano passado.</div>
<div class="MsoNormal">
Tentando
fazer um balanço dessa viagem mais uma vez maravilhosa, acabo percebendo que férias,
para mim, têm a ver exatamente com essas sensações de reconquista, redenção,
confirmação. </div>
<div class="MsoNormal">
Férias não
são para descansar? Prefiro que as minhas sejam para me recarregar, para repor
energias, repor entusiasmo, revitalizar a mente.</div>
<div class="MsoNormal">
Preciso das
férias para fazer as pazes comigo mesmo. Nisso a Europa funciona. Hábitos que
me dizem respeito, que me trazem pertencimento. Tantas coisas que durante todo
ano parecem batalhas contra moinhos de vento e que lá são simplesmente
naturais. Falo de coisas simples, como andar a pé pelas ruas sem ser constantemente
esbarrado pelo ombro de alguém, como encontrar o que procura em qualquer
supermercado e não ter que explicar porque não quero uma sacola plástica.</div>
<div class="MsoNormal">
Férias são
também, paradoxalmente, férias de mim mesmo. São semanas em que uso as mesmas
poucas roupas, não uso secador de cabelos, bebo todos os dias, como muito e
muito errado. Não cozinho, não arrumo a cama, tomo banhos demorados. São semanas em que não leio, não escrevo, não
uso celular, não acesso internet. </div>
<div class="MsoNormal">
E aí está a
fonte da minha renovação. Tirando férias de mim mesmo, posso reavaliar o que é
hábito e o que é necessidade. O que faço por rotina e o que faço por que me
mantém íntegro. </div>
<div class="MsoNormal">
Definitivamente
não viajo para conhecer o novo – ainda que muitas vezes o reconheça. Viajo para
reencontrar o velho e trazê-lo de volta para casa.</div>
Unknownnoreply@blogger.com0